O nosso querido Papa Francisco em uma de
suas homilias na Casa Santa Marta destacou que em nossa sociedade
ocidental globalizada predomina uma perversa cultura do bem estar e
do provisório. E o Papa está corretíssimo em sua sábia análise da
realidade em que vivemos. Com o avanço científico e tecnológico que
atingiu níveis inimagináveis há algumas décadas atrás, somado a uma
crescente descristianização de nossa sociedade, criou-se um ambiente
espiritual pagão onde as pessoas em sua maioria só buscam o próprio
bem estar pessoal e não estão dispostas a se sacrificarem pelo
próximo.
Assim as pessoas vão se tornando cada dia mais
egoístas e egocêntricas, onde a indiferença em relação aos mais
fragilizados e indefesos cresce assustadoramente. As relações entre
as pessoas têm se tornado cada dia mais superficiais e transitórias,
o que tem afetado de maneira muito negativa as relações conjugais,
pois o homem contemporâneo não está mais disposto a tomar decisões
definitivas em sua vida.
Conseqüentemente cresce de maneira
espantosa o número de divórcios e de casais em “segunda ou terceira
união”. Isso sem falar no crescente número de uniões livres ou de
pessoas que não querem mais assumir nenhum tipo de compromisso
conjugal estável.
Nesse cenário sombrio e desolador para as
famílias, quem ousa nadar contra a corrente é visto com desconfiança
e não é mais bem aceito em muitos círculos de amizade, assim como em
muitos setores de nossa sociedade. Imaginem só um jornalista ou
comentarista da Rede Globo defendendo o matrimônio indissolúvel
entre um homem e uma mulher como única forma de relacionamento
conjugal que está de acordo com a Lei Natural da Criação querida e
estabelecida por Deus? Com certeza esse jornalista seria demitido em
menos de uma semana de serviço; a menos que ele fique calado e não
expresse publicamente a sua opinião.
As democracias modernas se tornaram
cínicas e hipócritas ditaduras disfarçadas, onde se vive em uma
realidade contraditória, pois as pessoas pregam e desejam a
liberdade, confundida muitas vezes com libertinagem, mas na verdade
vivemos em uma ditadura do relativismo, conforme já nos
alertou anos atrás o nosso querido Papa Emérito Bento XVI. Nessa
sociedade hipócrita impera somente a cartilha do politicamente
correto, onde somente quem se declara “moderno” e a favor do
casamento gay, do divórcio e do aborto, por exemplo, e se coloca
taxativamente contra os valores cristãos tradicionais como a defesa
da vida, da família e da liberdade dos pais em educarem seus filhos
na fé e nos valores morais decorrentes dessa fé, é que é bem aceito
pela sociedade.
E quem se coloca a defender a ortodoxia e os
valores da fé é ridicularizado e desprezado pela maioria das
pessoas. Diante dessa situação, muitos homens e mulheres de fé, que
buscam viver segundo os valores do Evangelho e na obediência à Santa
Mãe Igreja Católica, acabam muitas vezes, por medo ou insegurança,
se calando e omitindo assim o seu testemunho heróico da fé. E essa
covarde omissão por parte de muitas pessoas crentes acaba gerando no
senso comum a falsa impressão de que o mundo é assim mesmo e
nunca poderá mudar.
Os diabólicos arquitetos dessa engenharia
social revolucionária que está transformando nossa sociedade,
desconstruindo seus valores cristãos e criando uma sociedade
politicamente correta, querem que todos pensem que esse é o
caminho natural da humanidade, e que se trata de um caminho sem
volta. Não há nada mais falso do que esse perverso e diabólico modo
de pensar. E a Igreja Católica se tornou uma grande pedra de tropeço
para esses ideólogos do desconstrucionismo, que se voltam ferozmente
contra ela.
Querem a todo custo calar a voz profética da
Igreja, que muitas vezes é a única a denunciar a perda gradativa dos
valores cristãos de nossa sociedade. Até mesmo dentro da própria
Igreja surgem vozes mundanas, ditas progressistas, que se colocam a
serviço dessa revolução anti-cristã e querem destruir a Igreja a
partir de dentro.
Quem é que nunca ouviu lideranças de
dentro da Igreja, até mesmo sacerdotes, que dizem que a Igreja deve
mudar, que deve aceitar o divórcio, e assim adequar sua doutrina
sobre o matrimônio indissolúvel à mentalidade dominante? Essas
pessoas se esquecem que a Igreja é obra de Cristo e que ela nunca
irá mudar sua doutrina. São esses maus filhos da Igreja que devem se
converter e mudar de opinião e não a Igreja.
A Igreja é servidora da Verdade e não tem o
direito de mudar uma vírgula sequer de sua doutrina, que é parte
constitutiva do Depósito de fé que Nosso Senhor Jesus
Cristo confiou a ela através do colégio dos apóstolos, da qual o
Papa e os Bispos são os sucessores legítimos.
Aliás, a respeito da indissolubilidade do
matrimônio cristão, temos no Evangelho de São Marcos (conf. Mc 10,
2-12) a emblemática passagem onde Jesus responde a um grupo de
fariseus que querem colocá-Lo a prova ao dizerem que a lei de Moisés
permite ao homem despedir sua mulher com uma carta de divórcio:
“Foi por causa da dureza de vosso coração que Moisés escreveu este
preceito. No entanto desde o início da criação Deus os fez homem e
mulher. Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher,
e os dois formarão uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem
não separe” (vv. 5-9).
Jesus nessa passagem foi categórico ao proferir
uma doutrina infalível a respeito do casamento entre um homem e uma
mulher. E não adianta virem os “moderninhos” teólogos
libertacionistas dizerem que é a prática que deve se sobrepor à
doutrina. Essa falácia marxista quer legitimar a prática do divórcio
e outras desordens morais que se tornaram comuns em nossa sociedade
secularizada e paganizada, ao afirmar que a sociedade vive agora
assim e a Igreja deve mudar de opinião para se adequar a esse novo
modo de pensar da sociedade.
Essa falácia libertacionista é um absurdo
e nunca será aceita pelo Magistério infalível da Igreja.
A Igreja como Corpo Místico de Cristo será sempre
fiel à Sua Cabeça e nunca irá mudar sua doutrina, mesmo se isso
custar a perda de muitos fiéis. O mundo de pecados em que vivemos é
que deve ser iluminado pela luz da fé, se deixando plasmar pelo
Evangelho anunciado pela Igreja há dois mil anos. E a partir da luz
da fé o mundo deve ser transfigurado pelos valores do Reino de Deus.
Que Maria Santíssima, a Mãe do Perpétuo
Socorro, interceda pela Igreja, pelo Papa e pelo colégio dos Bispos,
para que guiem fielmente a Esposa de Cristo neste século de desafios
e contradições. Amém!!!
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