O colégio dos Bispos e o Papa
07/01/16

 

Na reflexão passada refletimos sobre a “Sucessão Apostólica”, e terminamos falando brevemente sobre o Colégio dos Bispos, que agora quero aprofundar nessa breve reflexão. O “Catecismo da Igreja Católica” (nn. 880-887) nos ensina que “Cristo, ao instituir os Doze, ‘instituiu-os à maneira de colégio ou grupo estável, ao qual prepôs Pedro, escolhido dentre eles’. Assim como, por disposição do Senhor, São Pedro e os outros apóstolos constituem um único colégio apostólico, de modo semelhante o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, e os Bispos, sucessores dos Apóstolos, estão unidos entre si”.

O “Catecismo” continua a nos ensinar que São Pedro foi constituído em pedra da Igreja por Nosso Senhor Jesus Cristo, que lhe entregou as chaves da Igreja, instituindo-o pastor de todo o rebanho. Porém, o múnus, ou seja, o encargo de ligar e desligar, que foi dado a Pedro, também foi dado ao colégio dos apóstolos, porém sempre e somente quando estiverem unidos a seu chefe. Este ofício pastoral de Pedro e dos apóstolos faz parte dos fundamentos da Igreja de Cristo, e tal ofício é perpetuado no tempo, no decorrer dos séculos, pelo Papa, sucessor de Pedro, e pelos Bispos, sucessores dos Apóstolos, que são fiéis ao Romano Pontífice.

Assim, o Colégio dos Bispos não possui nenhuma autoridade se estiver desligado do Romano Pontífice. O Colégio Episcopal só possui autoridade se estiver submetido ao Primado do Papa. O poder do Colégio dos Bispos, que é supremo e pleno sobre toda a Igreja, só pode ser exercido com o consentimento do Papa. E este poder sobre a Igreja inteira é exercido de forma solene em um Concílio Ecumênico, como foi o caso do Concílio Vaticano II, o último dos 21 Concílios Ecumênicos da Igreja, ocorrido há cinqüenta anos.

Mas, se não houver a aprovação ou o reconhecimento do Papa, não pode acontecer um Concílio Ecumênico.

Nessas poucas linhas de nosso belíssimo “Catecismo”, não há espaço para duvidar que o Colégio dos Bispos é parte constituinte da estrutura da Santa Mãe Igreja Católica. Não foi a Igreja quem criou a sua Hierarquia, mas foi o próprio Cristo quem quis que a Sua Igreja fosse governada aqui na terra por São Pedro e os demais apóstolos, cujos sucessores legítimos são o Papa e os Bispos em comunhão com ele.

Nossos irmãos separados, os protestantes, a quem devemos todo respeito por serem nossos irmãos em Cristo, não aceitam essa Verdade de fé, conforme já expliquei em reflexão passada; e por influência protestante, que depois foi trabalhada mais profundamente pela crítica racionalista dos iluministas, a Hierarquia da Igreja caiu sob suspeita, e muitos dos filhos da Igreja, por pura ignorância, influenciados por tais correntes de pensamento, deixaram de crer nessa Verdade infalível de nossa fé católica.

É muito comum hoje em dia, e no passado não foi diferente, pessoas e até famílias inteiras que se declaram católicas, não acreditarem que foi o próprio Cristo quem constituiu a Sua Igreja da forma como a conhecemos. Muitos até duvidam que Cristo tenha fundado uma Igreja. Tais pessoas, iludidas pela crítica dos inimigos da Igreja, que são muitos, infelizmente, se tornaram totalmente descrentes em relação à Igreja e à sua Hierarquia.

Muitas dessas pessoas até gostam ou simpatizam com o Papa, ou algum Bispo ou Padre, mas não acreditam na origem divina da Hierarquia, achando que tudo não passa de criação humana posterior ao surgimento da Igreja, e que Cristo ao fundar a Sua Igreja não a pensou dessa forma como a conhecemos hoje.

Aqui está um grande desafio pastoral para os missionários, agentes de pastoral, servos do Grupo de Oração, catequistas, coordenadores jovens e demais lideranças de nossas comunidades paroquiais e de outras realidades eclesiais. Depois de séculos de mentiras deslavadas contra a fé católica e a própria Igreja, levadas a cabo desde a Reforma Protestante, passando pela Revolução Francesa, pela Revolução Comunista Bolchevique da Rússia, pelo Nazismo da Alemanha até chegar à Revolução Cultural e Sexual Hippie, nos anos 60 nos Estados Unidos, o povo católico parece que em grande parte já não crê em mais nada daquilo que a Igreja ensina.

Ao mesmo tempo, a Igreja ainda não conseguiu ter muito êxito ao explicar e propor sua Doutrina para o homem contemporâneo, incluindo muitos de seus filhos rebeldes, marcados por um forte ceticismo em relação às Verdades de nossa fé católica.

Esse triste cenário de descristianização de nossa sociedade ocidental, outrora predominantemente cristã, deve nos desafiar a sairmos em missão, como nos pede com insistência nosso querido Papa Francisco. Somente uma Igreja “em saída”, em estado permanente de missão, pode fazer frente a esse tsunami avassalador que está a destruir nossas raízes cristãs.

E uma das Verdades de fé que devemos ensinar ao povo, que se encontra perdido e desorientado como ovelhas sem pastor, é sobre o Colégio dos Bispos e o Papa. Os católicos devem estar bem conscientes dessas Verdades de nossa Sã Doutrina Católica, pois quando se perde a fé no Papa e nos Bispos, já não se acredita em mais nada do que a Igreja ensina e propõe como Verdade de fé.

A nossa fé deve ser verdadeiramente católica e não protestante, como de nossos irmãos separados, que não acreditam no Papa e no Colégio dos Bispos. Como já falei anteriormente, o Papa e os Bispos em comunhão com ele, formam o Sagrado Magistério da Igreja, a qual Nosso Senhor Jesus Cristo confiou o “Sagrado Depósito de fé”. Tal “Depósito de fé” se constitui na Doutrina, nos Sacramentos, na Liturgia, na Sucessão Apostólica, nos Costumes, na Disciplina e em outras Verdades de fé que estão contidas tanto na Sagrada Tradição dos Apóstolos, quanto na Sagrada Escritura, que são as fontes da Revelação de Deus.

Cabe ao Sagrado Magistério do Papa e dos Bispos guardar fielmente esse “Sagrado Depósito de fé” e transmiti-lo integralmente a todos os filhos da Igreja, assim como a todas as pessoas de boa vontade que estão abertas à Graça de Deus. Em hipótese alguma a Igreja tem o poder de mudar qualquer Verdade que a ela foi confiada pelo próprio Cristo; pois a Igreja não é a dona da Verdade, mas ela é servidora da Verdade.

E o Magistério da Igreja tem cumprido sua missão há dois mil anos ininterruptamente de maneira exemplar e fidelíssima, a custa de inúmeras dificuldades e perseguições. Para isso o Magistério é assistido de modo todo particular pelo Espírito Santo, o que o torna infalível em matéria de fé; pois a Igreja não pode errar ao ensinar sua Doutrina.

Essa assistência especial do Espírito Santo faz parte da promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo de que Ele nunca abandonaria a Sua Igreja até o fim dos tempos, por ocasião de sua Vinda Gloriosa (conf. Mt 28, 16-20).

Que Nossa Senhora, nossa amabilíssima Mãe do Céu, Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos, interceda pela Igreja em todo o mundo, para que ela caminhe sempre na fidelidade à Doutrina dos Apóstolos. Amém!!!

 

 

Autor: Flavio Cividanes de Quero
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